Reservas da Biosfera

Biosfera em Conversa: Diana Jesus, Reserva da Biosfera da Ilha do Corvo

Reservas da Biosfera 29 de Novembro, 2022

Nesta edição da rubrica Biosfera em Conversa, ouvimos a gestora da Reserva da Biosfera da ilha do Corvo.


 


Diana Jesus admite que ser gestora de uma Reserva da Biosfera é um trabalho desafiante, no qual é fundamental a empatia pelas suas gentes e território. A gestora revelou ainda qual é o seu local preferido na Reserva da Biosfera da ilha do Corvo. Conseguem adivinhar?


O que é, para si, uma Reserva da Biosfera?


Uma Reserva da Biosfera é um território onde agentes diferentes e de natureza diferente intervêm de forma dinâmica, pró-ativa, musculada, com características próprias, numa simbiose entre os recursos naturais e o Homem. O produto desta interação é o desenvolvimento sustentável da comunidade, o respeito pelos recursos naturais e o uso dos mesmos de forma regrada e/ou calculada.


 


Qual é o seu local preferido na Reserva da Biosfera da ilha do Corvo e porquê?


O meu local preferido na Reserva da Biosfera do Corvo é o Caldeirão. Além de albergar um conjunto de espécies relevantes, algumas delas únicas, é também um local onde é possível observar exemplos da interação entre o Homem e a Natureza, em perfeita harmonia. Outra vertente do Caldeirão é a espiritual. O Caldeirão é um local de paz e de conexão com a Natureza.


 


Quais considera serem as mais-valias e os maiores desafios de trabalhar na gestão destes territórios?


A gestão deste tipo de territórios apresenta vários desafios. Ao gerir um território como um todo estamos perante uma interdisciplinaridade elevada, onde se torna necessário ter bom senso, sensibilidade, resiliência, capacidade de adaptação, ferramentas na área da comunicação e do “know how”, empatia pelas gentes e pelo território e, muito importante, tempo disponível para dedicar a esta gestão.


O trabalho de gestão deste tipo de territórios é enriquecedor a diferentes níveis, quer profissional quer pessoal, e isso, por si só, já é uma mais-valia. A promoção, a diferentes níveis, e o apoio dado à comunidade e à sua ligação com a Natureza, poder observar e fazer parte de um crescimento, a várias ordens, parece-me ser uma mais-valia, também.


 


Acha que a população residente e visitantes podem ter um papel no trabalho de conservação e sustentabilidade que levam a cabo? Como?


A população residente, na minha opinião, tem um papel fundamental. Não há ação de conservação alguma que resulte se a população não quiser. Não existe relação entre a população e os recursos presentes e a sua gestão se a mesma não colaborar, não for ativa, interessada e, acima de tudo, não valorizar o seu território. Eu diria que neste tipo de territórios, a pessoa que faz a gestão é a menos importante, não querendo desvalorizar, de forma alguma, o trabalho de ninguém, inclusive o meu.


Os visitantes apresentam um papel ativo e dinâmico, ainda que de forma indireta. Ativo na medida em que promovem o território de forma rápida e eficaz, melhor que os residentes, inclusive. Dinâmico porque criam necessidades no momento de visita a estes territórios, tornando possível a fixação de pessoas.


 


Por fim, gostaríamos que partilhasse connosco os projetos e iniciativas, em marcha e de futuro, na sua Reserva da Biosfera. E como os poderemos acompanhar, estejamos por perto ou à distância.


A ilha do Corvo encontra-se abrangida pelo Projeto Nacional: “Reservas da Biosfera: Territórios Sustentáveis, Comunidades resilientes”. No âmbito deste projeto têm sido dinamizadas diversas ações, contidas no Plano Ação da Reserva da Biosfera do Corvo, que têm como objetivo o apoio e a promoção destes territórios a diferentes níveis. Salientar a marca “Biosfera Açores” que pretende denotar a cultura e património deste território e que conta com associados na ilha.


O projeto LIFE IP Natura apresenta um conjunto de ações de conservação, no Parque Natural, nomeadamente, no Caldeirão. O Caldeirão possui uma grande importância ecológica e interesse devido à existência de habitats protegidos. Além disso, em termos hidrológicos, o Caldeirão alberga as mais antigas turfeiras do país que, além de constituir um refúgio de espécies endémicas, são uma fonte de suporte hídrico, regulando todo o aquífero da ilha. Esta área também é conhecida pela passagem de muitas aves migratórias da Europa e da América do Norte.


A SMILO – Small Islands Organisation é um outro projeto na ilha do Corvo. A SMILO é uma associação de apoio a ilhas de pequena dimensão (inferior a 150 km2) e dá apoio, a estas ilhas, de diferentes formas. Apoio técnico, financeiro, logístico e formativo. O Corvo dinamizou, este ano, a primeira reunião do Comité Insular da ilha onde se convidou um conjunto de entidades a participar, contribuir ou dinamizar projetos concretos e que representem, no que toca ao conceito de sustentabilidade, uma mais-valia.


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