O trabalho desenvolvido resultou na exposição “Ser Principense. Terra fértil, Comunidades criativas”, que esteve patente no espaço Romar II, na Ilha do Príncipe, no decorrer do Mês da Cultura, em agosto de 2022.

A natureza da Ilha do Príncipe é tão exuberante quanto vulnerável. Essa fertilidade do meio reflete-se também na cultura. É uma realidade simbiótica que interessa conhecer e valorizar, porque o futuro dependerá da conservação dessa herança no presente.
O Príncipe integra a Rede Mundial das Reservas da Biosfera da UNESCO desde 2012. A Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe compreende toda a sua área terrestre e marítima, incluindo o Parque Natural do Obô (2006), que representa mais de 50% da superfície da Ilha.
O documento de candidatura da Ilha do Príncipe a Reserva da Biosfera (2012) identifica 450 espécies de flora (sendo 24 endémicas), 28 aves, 13 répteis e 3 anfíbios que são autóctones da ilha. O mar possui 355 espécies de peixes, 11 espécies de cetáceos, 5 de tartarugas, 28 de moluscos e muitos corais, crustáceos, entre outros.
Dos mangais à floresta tropical de chuva, os ecossistemas do Príncipe são ainda lugar de descoberta de novas espécies todos os anos, o que demonstra a fragilidade e absoluta necessidade de preservação da natureza da ilha.
Para além do esforço para a conservação das tartarugas marinhas, a Reserva da Biosfera tem promovido a restauração dos habitats de mangal e a proteção de espécies de aves e plantas endémicas.
O controlo do corte de árvores e a posterior reflorestação, a consciencialização para o respeito da areia das praias ou o trabalho de recolha e transformação de resíduos sólidos e orgânicos e a diminuição da utilização do plástico têm, também, contribuído para a melhoria da qualidade ambiental e abrem novas possibilidades de negócios sustentáveis para a população.
O Lunguyê, que esteve em risco de ser esquecido, ganhou lugar obrigatório nas escolas por iniciativa do Governo Regional. É também transmitido através da música e da dança.
São diversos os grupos culturais que procuram manter ou recuperar as tradições do Príncipe, de forma a conservar o seu património cultural.
Em 2022, o projeto Ser Principense: a arte, a cultura e o património, no Passado, Presente e Futuro procurou valorizar a perceção dos patrimónios da ilha do Príncipe (São Tomé e Príncipe), compreendendo a sua indissociabilidade do território e das comunidades que o habitam.
Procurando dar voz aos habitantes do Príncipe, foram realizadas mais de 40 entrevistas, visando identificar e caracterizar o património cultural e natural do Príncipe, observando, numa perspetiva histórica, o passado e o presente, promovendo a valorização do seu conhecimento e a sua preservação para o futuro. Foram registadas atividades de vários grupos ligados à dança, ao teatro e à música, bem como objetos e documentos relacionados com estas e outras práticas, numa dinâmica que envolveu cerca de 90 pessoas, entre entrevistados, participantes dos grupos e a equipa do projeto.
O projeto Ser Principense: a arte, a cultura e o património, no Passado, Presente e Futuro, foi promovido pela Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe, em parceria com a Direção Regional de Turismo, Comércio, Indústria e Cultura, a Efrican Foundation e o programa Memória para Todos® de História, Territórios e Comunidades da NOVA FCSH – Centro de Ecologia Funcional – Ciência para as Pessoas e o Planeta (CFE-UC), e financiado pelo programa ACP-EU CULTURE.
O trabalho desenvolvido resultou na exposição “Ser Principense. Terra fértil, Comunidades criativas”, que esteve patente no espaço Romar II, na Ilha do Príncipe, no decorrer do Mês da Cultura, em agosto de 2022.
As memórias dos principenses demonstram a interação entre a comunidade e a Natureza, e como essa ligação moldou práticas quotidianas e culturais, refletindo saberes ancestrais e dinâmicas sociais que perduram no tempo.